O America do Brasil: homenagem aos 115 anos do América Football Club

Futebol Geek Música
5 min readSep 18, 2019

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Os 33 anos da grande campanha do America-RJ no Campeonato Brasileiro

Foto: Zuzarte

Para os iniciantes no esporte bretão, o nome America-RJ pode soar como um time romântico, pequeno e simpático do Rio de Janeiro, conhecido principalmente hoje por ser o time de coração do jornalista José Trajano.

Isso não deixa de ser uma verdade em tempos atuais, mas há 33 anos, no Campeonato Brasileiro de 1986, o America construía uma campanha extremamente regular; com um time aguerrido surpreendia os grandes do futebol brasileiro alcançando as semifinais daquela edição.

Um pouco de história, pois é bom

Escudo do America: Imagem Youtube

Apesar de ter uma torcida menor comparada aos outros times grandes da cidade do Rio de Janeiro, o America sempre foi respeitado e admirado pelas conquistas e façanhas no futebol carioca.

Detentor de 7 campeonatos estaduais, sendo o quinto maior campeão, o America foi a casa de jogadores importantes como Belfort Duarte, Jorge, Edu (irmão de Zico) Pompeia , Jorginho(campeão mundial em 1994) e Luisinho (maior artilheiro com 311 gols) entre outros.

O Mecão como é carinhosamente chamado pelos seus adeptos ainda conquistou a Taça Guanabara de 1974, a Taça Rio e a Copa dos Campeões, ambas no ano de 1982.

Com esse currículo não é exagero dizer que o time nascido no bairro da Tijuca no dia 18 de setembro de 1904 é um dos maiores clubes do Rio, sendo considerado o quinto grande da cidade maravilhosa.

A campanha

A trajetória do time rubro carioca no campeonato brasileiro de 1986 começou irregular. Na 1° fase o time conseguiu a sexta colocação em seu grupo. Já na 2° fase a equipe treinada pelo técnico Pinheiro conquistou a ultima vaga em um grupo que tinha Santos, Botafogo e Bangu (atual vice-campeão brasileiro).

A partir de então o America surpreendeu a todos; basicamente ele jogou nas fases finais um mini-campeonato paulista, pois enfrentou ao longo da campanha de mata-mata três times da terra da garoa.

O primeiro embate foi contra a Portuguesa de Desportos.

No estádio Caio Martins em Niterói, o America venceu a Portuguesa por 1 a 0 com um gol de Antônio Cesar. Já no jogo de volta realizado no estádio do Pacaembu, o time americano conseguiu segurar o 0 a 0, classificando-se para a fase seguinte do campeonato.

Quartas de final

Pela frente o America teria simplesmente o Corinthians e toda a sua fiel torcida. Mas para quem achava que o time tijucano iria se intimidar com um Pacaembu completamente lotado; uma equipe corintiana composta por jogadores experientes como Carlos, Biro-Biro, Wilson Mano e João Paulo se enganou. O Mecão suportou bravamente a pressão imposta pelo time paulista; com dois gols, um de Renato e outro de Luisinho, voltou para o Rio com uma bela vantagem na bagagem.

O jogo de volta foi marcado pelo nervosismo e violência de ambas as partes.

O America praticamente sacramentou sua classificação com o gol marcado por Ramon no primeiro tempo. Nem Mesmo a virada do time mosqueteiro por 2 a 1 no segundo tempo esfriou a alegria do time e da torcida do Mecão, que chegava pela primeira vez em sua história a semifinal do brasileiro.

Semifinal

Em uma tarde chuvosa no Morumbi, a primeira partida da semifinal contra o São Paulo foi basicamente ataque contra defesa. O time são paulino precisando reverter à vantagem da equipe americana partiu para cima do time rubro carioca. Com uma equipe formada na linha ofensiva por Pita, Silas, Müller, Careca e Sidney o time da casa obrigou o goleiro Régis a praticar defesas e até milagres na meta americana.

O America basicamente jogou explorando os contra-ataques com Ramon, Cesar e principalmente Luisinho.

A estratégia por conta do clima chuvoso e do bom esquema montado pelo técnico Pinheiro funcionou até o minuto 35° do segundo tempo, quando com um chute certeiro no canto direito, Careca finalmente venceu a meta do goleiro Régis, e reverteu a vantagem a favor do time tricolor paulista.

Era vez da torcida rubro americana se fazer presente ao Maracanã para buscar à tão sonhada classificação a final.

E a torcida americana se fez presente, não só ela, mas flamenguistas, tricolores, vascaínos e botafoguenses, todos em pró de uma missão: apoiar o querido America rumo a final do brasileiro.

Infelizmente o belo gol de Careca por cobertura enterrou as pretensões americanas. O empate de Renato já no segundo tempo acendeu uma esperança, mas acabou sendo insuficiente para levar o time até a final. Acabava ali a aventura americana pelos campos do Brasil.

O America caiu sim, mas foi de pé e com honra, deixando sua orgulhosa torcida tendo muito mais do que se esperava daquele bravo time no inicio da competição.

No final a quarta colocação foi um grande troféu para equipe e para toda torcida americana.

Depois da campanha

O orgulho americano infelizmente por questões extracampo foi ferido no ano seguinte, 1987, com a criação do Clube dos Treze. O time discordou da criação da Copa União, da qual foi preterido do grupo principal mesmo tendo conquistado no campo a quarta colocação no ano anterior.

Rompendo com a CBF e não disputando a competição o time praticamente se sabotou no cenário nacional do futebol brasileiro.

O legado

Foto: Site Torcedores

Sua ultima glória no cenário nacional, 33 anos depois, pode parecer apenas uma lembrança de anos de alegria do clube e da sua fanática e leal torcida. Ledo engano, os momentos felizes permanecem vivos nos corações americanos de Ari Fontoura, tia Ruth, Alex Escobar, José Trajano e muitos outros bravos e fortes americanos.

Permanece imortalizado nas melodias de Heitor Villa-Lobos, nas palavras escritas de João Cabral de Melo Neto, na voz de Tim Maia; no lindo hino de Lamartine Babo.

Porque como ele mesmo diz: Hei de torcer, torcer, torcer…

Hei de torcer até morrer, morrer, morrer…

Pois a torcida americana é toda assim

A começar por mim…

Time base: Régis, Nélio, Benê, Paulo Cesar Baiano; Polaco, Ademir Müller, Renato, Pedro Paulo, Ramon, Luisinho e César. Técnico: Pinheiro

Ainda tiveram participação importante Denílson, Serginho Carioca e Peçanha.

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